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A psicanálise com crianças adapta os princípios da psicanálise "tradicional" ao universo infantil, usando a brincadeira como principal ferramenta de escuta e intervenção. Como as crianças muitas vezes têm dificuldades para se expressar verbalmente, atividades como jogos, desenhos e brincadeiras funcionam como formas simbólicas de revelar seus conflitos, medos e desejos, refletindo o que ocorre em suas relações, em seu ambiente e em seu universo intrapsíquico. Essas atividades permitem que a criança interaja com o mundo, lidando com realidades difíceis, organizando-se e modificando suas questões através do brincar. Na psicanálise com crianças, esses elementos são vistos como manifestações do inconsciente, que podem ser interpretados, não para descobrir um "significado oculto", mas para construir, junto com a criança, um saber sobre o que se passa com ela, no contexto da análise, e uma maneira de se organizar diante daquilo.
A psicanálise com crianças também requer uma escuta atenta dos cuidadores da criança, geralmente os pais. Esses cuidadores desempenham funções cruciais na formação subjetiva da criança e, ao recebermos uma queixa relacionada à criança, é necessário investigar se o problema não reside no exercício dessas funções. Alguns pais chegam à clínica sentindo-se impotentes em sua função parental, temendo perder o amor dos filhos. Outros permanecem na posição de filhos, sem se autorizarem como pais. Existem ainda aqueles que se encontram desautorizados, sem confiança no conhecimento sobre si mesmos ou sobre o cuidado dos filhos. Diversos fatores podem impedir o pleno exercício da função parental e, nesses casos, a intervenção do analista se concentra mais nos pais, buscando orientar uma delimitação possível. Em certos casos, também há uma articulação com a escola da criança.
Nesse viés, o trabalho do analista é fazer uma leitura da significação dos sintomas infantis, ou seja, ajudar os pais a decifrar aquele sofrimento que comparece no arranjo familiar materializado na figura da criança. Nós ajudamos os pais a pensar e a intervir sobre o ambiente e as relações que estão provocando aquele sofrimento. Isso também significa escutar, dentro da labilidade existente, a possibilidade daquele sintoma ser próprio do desenvolvimento infantil; ser decorrente de uma fragilidade estrutural; ser reativo a uma situação pontual, entre outras coisas, o que geralmente articula o trabalho do analista com o de outros profissionais. Assim, o analista possibilita às famílias que o procuram o acolhimento de seu sofrimento e o auxílio necessário para entenderem as diferentes questões subjetivas ou não implicadas no sintoma da criança e suas possibilidades de resolução.